O receio de certas crianças de esquecer algum material de aula faz com que sempre levem tudo todos os dias. A atitude, segundo professores do colégio, ocorre muito entre filhos de pais separados. Por terem que freqüentar duas casas, acabam carregando todo o material escolar por medo de deixar algo para trás.
A justificativa de Victória, 9 anos, para carregar tudo todos os dias é outra: “Ela ainda não decorou a rotina das aulas. Para não errar, leva todo o material”, explica Maria Cristina de Souza, mãe da estudante. Victória não usa mochila de carrinho porque acha que isso é coisa de criança, e leva nas costas para a escola, todos os dias, 5 kg, ou 12% do seu peso. Ela tem os pés voltados para dentro, o que pode ser um sintoma de pé chato, e reclama de dores nas costas.
Na escola, não falta orientação a essas crianças para se organizar e levar na mochila apenas o necessário. O material das aulas que se repetem todo dia fica num armário coletivo. Os alunos só devem levar embora o que vão precisar para a tarefa de casa. O material de aulas específicas como música, inglês, artes e ciências deve ficar em casa e retornar à escola só no dia da aula. As crianças ainda recebem uma lista do que sempre tem que estar na mochila. “Mesmo assim, trazem o que não é preciso, além objetos e jogos”, afirma a professora Natália de Castro.
Postura
O uso incorreto da mochila vai se refletir, claro, na postura de seu filho. Uma escola do Rio de Janeiro, o Centro Educacional da Lagoa (CEL), chamou especialistas do Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo (Creb) para realizar uma avaliação postural em seus alunos. Como teste inicial, participaram três crianças com idade de 6, 7 e 14 anos. Com o Spiral Analysis Machine (SAM) – aparelho de avaliação postural importado, novidade no Brasil – foi possível diagnosticar um desvio de postura no aluno mais velho, Victor. Seu ombro direito é mais alto do que o esquerdo. “Costumo usar a mochila mais no lado esquerdo”, diz o garoto. Para o reumatologista Arnaldo Libman, do Creb, se não for tratado agora, o problema vai piorar. “Em casos como esse, dependendo do grau da alteração, basta uma ginástica corretiva. Daí a importância de se fazer uma avaliação postural preventiva”, defende Libman.
Você pode avaliar seu filho em casa. Com a criança de sunga ou biquíni, observe-a de lado e verifique se ela fica corcunda e se sua coluna se curva mais para dentro na altura do bumbum. De frente, veja se um ombro está mais baixo do que o outro e se a bacia está em desalinho. No caso de meninas adolescentes, verifique se uma mama está mais acima do que a outra. Por fim, de costas, veja se a cintura está assimétrica e se uma das escápulas, ou asas das costas, está mais saliente do que a outra. “É o teste do minuto”, diz Libman.
Publicado no site Crescer/Globo.com
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