CONTEÚDO CREB SOBRE SAÚDE

Osteoporose – osso duro de roer

 

Ainda não li “Wilson Simonal – Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga”, novo livro de Gustavo Alonso que explora a relação do artista ‘alegria, alegria’ com um período político conturbado para a MPB – mais precisamente, as décadas de 60 e 70. Um momento da história povoado pelos mais diversos sons e gestos. Bem que eu adoraria continuar falando aqui do grande Simonal, do mal-entendido que virou sua vida pelo avesso, da ditadura e seus exilados e de todas as ambiguidades do nosso “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”. Mas, o papo, hoje, é outro. Embora o swing do livro em questão refira-se ao “jogo de cintura” que um artista ousado, como Simonal, devesse ter para sobreviver à época, o título acabou por inspirar esta inquieta colunista que vos escreve a discorrer sobre a necessidade de mantermos nosso esqueleto ativo e com muito swing para um envelhecer independente e saudável, com ossos fortes e dançantes, sem cajados ou quedas que impeçam o nosso livre ir e vir. Nossa Coluna Fitness vai tratar de um tema nada musical, capaz de tirar o ritmo de qualquer um: a osteoporose. Uma doença grave, mas que pode ser prevenida com hábitos e atitudes saudáveis.

Conhecida como ‘ladrão silencioso dos ossos’, a doença que, só no Brasil, atinge cerca de 10 milhões de pessoas, chega sem muita cerimônia em sua fase inicial, deixando ossos cada vez mais finos, fracos e porosos. Com a diminuição de massa óssea, vemos nossa edificação de concreto ser transformada em uma estrutura vulnerável e frágil, sujeita a traumas e fraturas graves. O site da National Osteoporosis Foundation (www.nof.org), uma organização norte-americana dedicada à prevenção e ao tratamento da osteoporose, usa uma analogia bem interessante para explicar a doença. Redimensionando a imagem abordada, pensem num favo de mel com seus inúmeros alvéolos bem definidos e resistentes. O doce e geométrico Jambalaya acomoda com segurança todo o burburinho da agitada colméia. Desde cera e mel até abelhinhas em desenvolvimento. Pois bem, digamos que essa imagem de um quase conjunto habitacional seja a estrutura óssea de um indivíduo saudável. Agora, imaginem esse mesmo conjunto totalmente abandonado, oco, com as poucas paredes que restam porosas, prestes a ruir. Este aí seria, então, o osso de uma pessoa com osteoporose.

Dr. Haim Maleh, reumatologista e fisiatra do CREB – Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo – informa que, de modo geral, a osteoporose acomete mais de 70% dos idosos de ambos os sexos e que 30% das mulheres e 15% dos homens acima de 50 anos são atingidos pela doença. A maior ocorrência em mulheres na menopausa deve-se às mudanças hormonais, em especial à queda de estrogênio, durante essa fase da vida. O médico diz que além da carga genética, outros fatores influenciam o desenvolvimento da osteoporose, como dieta pobre em cálcio, cigarro, ingestão demasiada de álcool, carência de vitamina D e vida sedentária. Este último, então, um dos mais temidos vilões do osso.

Balança mas não cai…

Os ossos são um tecido vivo e precisam de cuidados para continuarem saudáveis. São cuidados para toda a vida que devem ser incorporados ainda na infância. O mais importante deles, talvez, seja a prática de exercícios físicos. Estudos mostram que uma rotina diária de exercícios moderados tem papel fundamental na prevenção e, até mesmo, no tratamento da osteoporose quando diagnosticada. Eles melhoram a qualidade do osso, fortalecem os músculos que o protegem e ajudam na coordenação e equilíbrio do nosso corpo. E, engana-se quem pensa que atrito e impacto não combinam com osso forte. A referida dupla dinâmica promove renovação do osso e ganho de massa óssea. Quando corremos, malhamos, caminhamos ou dançamos, provocamos uma saudável e importante fricção responsável por essa regeneração. “As cargas mecânicas aplicadas durante o exercício físico geram a deformação do osso. Esta deformação é transmitida às células ósseas, resultando em produção de prostaglandinas e óxido nítrico que estimulam nova formação de osso”, esclarece o Dr. Haim Maleh.

São incontestáveis os efeitos benéficos do exercício físico sobre o osso. Com ou sem carga, pratique atividades. Além de promoverem o bem estar, elas aprimoram nossa coordenação motora, reduzindo, assim, qualquer possibilidade de quedas e fraturas. Portanto, não subestime a saúde dos seus ossos. Nesse cadinho da prevenção, continue contemplando hábitos saudáveis e dê a devida atenção à sua alimentação:

– Tome leite e coma seus derivados;
– Tenha sempre cereais diversos no café da manhã;
– Peixes de água salgada, brócolis e fígado são ótimas fontes de vitaminas essenciais ao osso;
– Prestigie o astro rei, pela manhã, preferencialmente antes das 10h, por pelo menos 15 minutinhos. Os raios solares estimulam a pele a produzir vitamina D, responsável pela absorção de cálcio que chega até os ossos;
– Use sua força muscular e garanta a saúde de seus ossos.

Ossos do ofício

Dr. Maleh ainda recomenda a densitometria óssea – exame realizado para identificação da osteoporose – a homens e mulheres acima dos 65 anos de idade, idosos com fatores de risco para fraturas, pessoas com história familiar da doença, pessoas que tenham sofrido fraturas de repetição e mulheres na menopausa. Se você faz parte de algum destes grupos, bata um papo com um médico reumatologista. É ele quem poderá avaliar, com precisão, a saúde dos ossos e indicar as melhores medidas preventivas e o tratamento adequado.

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