A volta às aulas evidencia uma preocupação recorrente em relação ao peso das mochilas e a postura das crianças. Mas há outros “vilões” que merecem a atenção dos pais e dos educadores: é o caso, por exemplo, dos sapatos e do mobiliário escolar, que inadequados podem trazer problemas para a postura das crianças.
Segundo o ortopedista João Marcelo Amorim, do CREB – Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo -, os sapatos adotados não devem ter salto alto (no caso das meninas) e nem solas muito duras. Ele lembra que a indústria de calçados está bastante avançada e dispõe de modelos adequados às crianças. Outro problema, aponta ele, é a utilização de mobiliário inadequado. “A ausência de educação postural nas escolas primárias é uma grave falha. As crianças quando voltam das férias começam a enfrentar longos períodos na posição sentada em carteiras inadequadas, que resultam em posturas erradas, inclinadas e com os ombros caídos. Os maus hábitos começam a ser estabelecidos e se tornam automáticos”, explica ele.
O peso das mochilas também preocupa o médico do CREB. Segundo ele, o material é cada vez mais volumoso, sobrecarregando as costas das crianças, o que terá reflexo direto na saúde da coluna vertebral. “Muitas escolas já estão oferecendo aos seus alunos armários para a guarda do material. Assim, a criança transportará menos material, tornando sua mochila muito menos pesada. Isso deveria ser uma prática em todas escolas”, avalia o Dr. João Marcelo Amorim.
Os pais e educadores têm um papel fundamental nas busca da adoção de novos e saudáveis hábitos. “É preciso mudar hábitos incorretos adquiridos pelas crianças, pois a estrutura corporal ainda está em fase de crescimento e formação”, diz o médico. “As crianças devem se sentar de forma ereta. A altura do assento deve permitir que os pés fiquem totalmente apoiados no chão. Todas as articulações devem estar estabilizadas, formando um ângulo de 90 graus (pés, joelhos, quadris e cotovelos). Não deve haver pressões do assento sobre os músculos posteriores da coxa e deve haver espaço livre entre as coxas e a parte inferior da mesa, para não limitar os movimentos. Já os cotovelos devem ficar aproximadamente no mesmo nível da superfície da mesa e o encosto deve permitir o apoio das costas”, ensina o ortopedista.
– A sensibilidade dos pais é fundamental, já que os primeiros sintomas das deformações de coluna como hipercifose (aumento da curvatura da região dorsal), hiperlordose (aumento da curva na região cervical ou na região lombar) e escoliose (desvio da coluna vertebral que resulta em um formato de “S”) não se manifestam claramente. Os sintomas iniciais são mínimos ou ausentes. Quando o problema é diagnosticado, já está gravemente instalado. Ao menos sinal de dor na coluna, o correto é procurar um ortopedista para uma avaliação – finaliza ele.
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