CONTEÚDO CREB SOBRE SAÚDE

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Pés: é preciso preservá-los

Diariamente damos milhares de passos e é fundamental que os pés atendam às nossas necessidades sem desconforto, dor, peso, queimação ou dormência. Muitas vezes, no entanto, as pessoas sentem dores, mas preferem acreditar que trata-se de uma simples conseqüência de uma caminhada mais longa e que logo essa dor desaparecerá. Nem sempre é assim e as estatísticas demonstram que é preciso dar uma maior atenção a estas dores corriqueiras: pesquisas revelam que mais do que 70% da população mundial apresenta algum problema ou dor nos pés em alguma fase da vida.

“Quando sadios, os pés garantem a sustentação e o deslocamento de nosso corpo, suportando cargas enormes durante a marcha, a corrida e o salto sem qualquer dor ou desconforto. A utilização normal de nossos pés prevê a repetição de milhares de passos a cada dia, além da habilidade de realizar tarefas sofisticadas e graciosas como as desenvolvidas no campo das artes e dos esportes. Mesmo sob essas condições de carga e trabalho, os pés são capazes de se recuperar rapidamente de pequenas lesões e abusos, retornando integralmente às suas funções originais”, explica a Dra. Flávia Junqueira, ortopedista especialista em pés do CREBCentro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo.

A saúde dos seus pés começa na escolha correta do calçado a ser utilizado. Segundo a médica do CREB, os calçados devem ser confortáveis, práticos e adaptar-se bem aos pés.  “É muito importante que os calçados tenham a forma dos pés e não que os pés se deformem para caber nos calçados. Está demonstrado que calçados apertados e pequenos causam deformidades nos pés. Os calçados devem ser confortáveis desde o primeiro momento em que você os utiliza. Procure comprar calçados no final da tarde, ou início da noite, depois de um dia normal de trabalho, porque é nesse momento que seus pés estão um pouco inchados e sensíveis em virtude do esforço realizado”, ensina ela.

A Dra. Flávia explica que a principal “regra” na escolha do calçado é que seus pés estejam absolutamente confortáveis no interior dos calçados, sem qualquer ponto de pressão ou atrito exagerados. “Os calçados devem estar folgados mesmo usando meias macias e absorventes. Eles têm que ter o formato de seus pés e suficiente espaço para movimentar livremente os dedos. Os saltos não ultrapassam três centímetros de altura. E a cobertura do calçado deve ser confeccionada em material que permite a ventilação e transpiração dos pés, no caso couro, lona ou pano; nunca plástico”, diz ela. No caso de calçados esportivos, cuja indústria deu um enorme salto de qualidade e tecnologia na última década, a médica do CREB condiciona a escolha do calçado ideal em função da atividade de preferência, seja para correr, caminhar, exercícios aeróbicos, futebol, vôlei ou basquete, entre outros. “As diferentes coberturas, revestimentos internos, palmilhas, as diversas solas, os tirantes e os mais variados modos de fixar o calçado aos pés visam proteger o atleta ao mesmo tempo em que otimizam sua atuação. A escolha deve ser feita após orientação do seu médico, em função do seu tipo de pé. O seu ortopedista especializado em pé ou o seu fisiatra poderá lhe ajudar a fazer a escolha correta”, explica a Dra. Flávia.

Os problemas podem ser muitos. A seguir, a Dra. Flávia Junqueira lista as principais doenças dos pés:

Joanete/Hálux Valgo: O joanete é uma saliência que surge  próximo à base do grande dedo do pé (hálux). Essa protuberância resulta do crescimento ósseo e do espessamento dos tecidos moles que recobrem a região e, na maioria das vezes, decorre do uso de calçados apertados (ponteira estreita e triangular) e de saltos altos. Têm como causas a  hereditariedade, pé plano valgo, relação entre o tamanho dos dedos do pé e doenças reumatológicas. A deformidade se inicia sempre que o grande dedo (hálux) é empurrado para fora como se fosse subir sobre os demais dedos e é essa característica que é usada na denominação científica desta deformidade. Essa situação, muito comum na maioria dos calçados femininos, acaba por produzir o afrouxamento da articulação e dos ligamentos, desviando os tendões e tornando o fenômeno irreversível. Por essa razão, o sexo feminino está mais sujeito a essa deformidade na proporção de 8 mulheres para l homem. A melhor forma de tratamento para a deformidade do Hálux Valgo é a preventiva. Educar os jovens para o uso de calçados com ponteiras amplas e confortáveis e com saltos que não excedam os três centímetros é o melhor remédio.

Pé chato (plano): Os pés chatos ou planos são aqueles nos quais desapareceu o arco plantar que caracteriza o pé humano. O fato de não ter a curvatura normal nos pés faz com que o indivíduo se canse mais facilmente, tenha dores nas pernas, coxas e coluna, não conseguindo acompanhar as outras pessoas nas atividades mais corriqueiras. Nas crianças os arcos plantares surgem por volta dos dois anos mas consideramos normal que surjam até os 3 anos de idade. A partir desta idade, dizemos que a criança tem pés planos da infância.

Fasciite Plantar/Esporão Calcâneo: Tem como uma das causas microtraumas repetidos na fáscia na tuberosidade plantar medial do calcâneo. Assim, a cada passo dado pelo paciente, a fáscia é tensionada a partir exatamente do local onde se encontra inflamada ou mesmo já com microrupturas. O esporão não é a causa das dores, como se pensa na maioria das vezes, e sim a inflamação na fáscia plantar. Há dor, desconforto, sensação de queimação ou de “agulhadas” ao pisar. Há  tratamento, geralmente com ótimos resultados.Temos disponível para Fascite Plantar e Esporão de Calcâneo um novo tipo de tratamento chamado Terapia por Ondas de Choque – TOC, com excelentes resultados.

Pé diabético: As alterações causadas pelo diabetes no organismo do paciente são refletidas no pé de maneira especial. A associação de comprometimento vascular por aterosclerose e microangiopatia, neuropatia periférica e deformidades favorece o aparecimento de úlceras, infecções e gangrena.Essas alterações podem levar à diminuição de sensibilidade nos pés causando também traumas e degeneração articular importante. Se você já é diabético, cuide bem dos seus pés: lave-os diariamente em água morna e sabão neutro e gaste um bom tempo inspecionando-os em busca de rachaduras, pequenos ferimentos ou bolhas.. Corte as unhas cuidadosamente evitando ferir a pele e deixe sempre os cantos das unhas bem visíveis. Não ande descalço mesmo em ambientes conhecidos para evitar ferimentos nos pés. Procure exercitar-se regularmente.

Pé reumatóide: As doenças reumáticas  podem ser a causa de deformidades e incapacidade nos pés, dentre elas a mais comum é a artrite reumatóide, doença inflamatória que afeta cerca de 1 % da população geral, principalmente mulheres na faixa etária entre 25 e 50 anos, sendo o pé e o tornozelo os locais afetados em cerca de 20% dos pacientes com a doença, sendo a parte da frente do pé a mais atingida.O pé pode apresentar-se com dor difusa durante o processo de atividade da doença associado com edema, calor e eventualmente vermelhidão, que podem levar a  deformidades,  joanete, desvio dos dedos e calosidades. O tratamento deve constar de controle da atividade da doença e de Medicina Física incluindo hidroterapia, cinesioterapia, eletroterapia, acupuntura e órteses (palmilhas).

Lesões nas unhas: A função principal das unhas é a de aumentar a resistência das pontas de nossos dedos, ao mesmo tempo que garante alguma proteção à zona de nosso corpo que tem mais chance de receber traumatismos. Por isso, um grande número de problemas nas unhas resulta do trauma e da compressão que se aplica sobre elas. Calçados muito curtos ou apertados, o uso exagerado dos pés e dedos deformados causam lesões nas unhas. Uma causa muito freqüente de unhas dolorosas, no entanto, é o erro no momento de cortá-las. Cortar as unhas dos dedos dos pés de forma que as bordas fiquem muito arredondadas, pode resultar no encravamento dos cantos das unhas. Uma vez encravadas, surgem inflamação, infecção e quadro extremamente doloroso. As unhas são sede freqüente de infecções por fungos. O ambiente úmido e quente dos calçados fechados, favorece a infecção que causa o espessamento e a mudança de cor das unhas tornando-as quebradiças e com o aspecto doentio.


Lesões por Esforço Repetitivo

LER/DORT. Essas pequenas siglas, que significam Lesões por Esforço Repetitivo e Distrúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, trazem problemas tão grandes que em alguns países da Europa tomaram proporções epidêmicas em determinadas categorias profissionais. No Brasil, não há estatísticas oficiais sobre essas síndromes, mas sabe-se que trata-se de um dos principais motivos que leva o afastamento dos profissionais de seu trabalho.

Movimentos repetitivos, aplicação de força principalmente com as mãos, levantamento e transporte de peso, postura inadequada e stress relacionado às condições psicossociais do local de trabalho são alguns dos principais agentes causadores de LER/DORT. “Também é predominante e fator de risco a quantidade de tempo em que um trabalho é feito,a  intensidade da força aplicada, exposição ao frio e o trabalho numa mesma posição por um longo período”, acrescenta Tatiana Matos Galvão de Barros, fisioterapeuta do CREBCentro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo.

Segundo a fisioterapeuta do CREB, diagnosticar a LER/DORT é difícil, pois são vários os sintomas apresentados. “As principais características da LER/DORT são queixas de dor, espontânea ou decorrente de movimentação, fraqueza, cansaço, dormência e formigamento, dificuldades no uso de membros, em particular das mãos, presença de tendinite, tenossinovite, peritendite, estenossante, síndorme do túnel do capor, síndorme cervical, entre outras doenças ortopédicas, além de presença de síndrome miofascial, mialgia, síndrome da tensa do pescoço, entre outras”.

A boa notícia, garante Tatiana, é que a fisioterapia dispõe, hoje, de vários recursos que podem vencer a luta contra a síndrome, como recursos eletrotermofototerapêuticos com ações antiinflamatórias, recursos manipulativos, alongamentos e recursos posturais. “No CREB, todo o trabalho de fisioterapia é coordenado por médicos fisiatras, reumatologistas e ortopedistas.E temos protocolos de tratamentos com resultados rápidos, como hidroterapia, acupuntura e RPG”, explica ela.

– O principal na luta contra a LER/DORT sem dúvidas é o trabalho de prevenção. É preciso buscar o fortalecimento dos músculos e a melhor postura. Temos um trabalho forte de prevenção e a utilização do RPG – Reeducação Postural Global – neste caso, por exemplo, é muito importante. Profissionais mais expostos, como aqueles que trabalham o dia inteiro sentados em frente a um computador, ou numa central de atendimento telefônico, devem procurar um médico para que se faça uma avaliação – finaliza Tatiana.


Como escolher calçados para crianças

A maioria das crianças começa a andar por volta dos 12 meses de idade. Até então, não precisam necessariamente de calçados – o que os pais colocam em seus pés devem servir sobretudo para proteger e aquecer. “Os sapatinhos para bebês são confeccionados nos mais diversos materiais, mas, via de regra, devem permitir a transpiração normal e ser largos e flexíveis o suficiente para garantir a livre movimentação dos dedos”, explica a Dra. Flávia Junqueira, ortopedista infantil do CREBCentro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo.

A partir do momento que a criança passa a andar, com desenvoltura, a escolha do calçado passa a ser fundamental para evitar problemas futuros. Não se deve permitir, por exemplo, explica a Dra. Flávia, que crianças em desenvolvimento calcem sapatos apertados ou estreitos, pois disso pode resultar um grande número de deformidades e complicações. “Para as crianças de 12 a 18 meses, devem ser preferidos os calçados de solas flexíveis e não muito aderentes (sem ser escorregadias, as solas não devem impedir o caminhar da criança que ainda arrasta os pés). A cobertura do calçado deve ser de material natural para permitir a perspiração e os contrafortes altos o suficiente para garantir a estabilidade do tornozelo que ainda é muito frágil. De modo geral, estes calçados devem ser leves para evitar o gasto exagerado de energia”, ensina a médica do CREB.

Segundo a ortopedista infantil, os calçados devem ser confortáveis, práticos e adaptar-se bem aos pés.  É muito importante que os calçados tenham a forma dos pés e não que os pés se deformem para caber nos calçados. “Está demonstrado, sem sombra de dúvidas, que calçados apertados e pequenos causam deformidades nos pés. Os calçados devem ser confortáveis desde o primeiro momento em que você os utiliza. O uso prolongado de calçados pequenos, menores do que seu pé favorece a deformação dos dedos”, finaliza ela.